Visitante número

quinta-feira, 16 de abril de 2009

POR QUE?


Por que tomar chuva com a boca aberta, mostrando a língua para o céu?

Por que rir e chorar ao mesmo tempo?

Por que andar num caminho duro, árduo e cheio de pedras?

Por que passar a noite se remoendo, tentando definir sua vida em meio segundo?

Por que proibir seu coração de sentir?

Por que se ferir antes de amanhã?

Por que sofrer por incertezas?

Por que? Simplesmente, por que?

Pequenas perguntas nos invadem. Fazem eco no vazio do nosso ser. Construímos pensamentos superficiais que vivem dias.

Mas erguemos castelos que nos fortificam. As certezas. As surpresas do grande teatro da vida.

Sem data, sem hora, sem tempo, sem nada: acontece. Simples como respirar o ar: aconteceu.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

LÍRIOS


Lírios:
Imagem em minha parede.
Retratam a sua presença presente.
Indago-me:
O que pensas linda mulher?
Soa dentro de mim as mais belas possibilidades.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

ATÉ DAQUI A POUCO


Inalo o perfume, encosto meus lábios em seu pescoço.
Lentamente abro os olhos.
Meus dedos deslizam no contorno da tua boca,
em teu queixo, meus dedos repousam: palpo três ‘pintinhas’, duas ‘covinhas’.
Novamente, nos abraçamos: no alto da escada e ao lado da porta: um beijo.
“Até daqui a pouco”.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

BORBOLETA DE SONHO


- Não suba! – ouvi uma voz.

Indaguei-me: - porque?

O silêncio se fez. No alto, no meio do caminho.

Abaixo: terra firme. Ao alto: a totalidade. Um sonhador.

Na circunferência quadrada, que se estreita a cada passo, o medo se propagou em meu corpo. Corpo sofrido que clamava por piedade. Que gritava. Olhos distantes, sem qualquer ponto de fuga: o pânico.

O vento suavemente tocava meu rosto. A poeira ergue-se. Minha visão se embaraçou. Novamente, uma voz inexpressiva ressurgiu:

- Onde pensas que vai, ser humano?

Caído, ferido e indefeso, num mundo impróprio, desconhecido pela vida humana, tento gritar. Mas é em vão.

Minha fala se perde no vazio. Meus olhos não são mais os mesmos: agora, cegos. Não ouço a brisa acariciar minha escalada.

Estou só. Estraçalhado. Sem ninguém.

Ainda me movendo, minhas mãos se perdem no meio do nada: do desconhecido. Com os dedos esticados ao alto, posso sentir o vento. Meu caminho é trilhado pelo humilde e generoso toque das mãos. Continuo a subir.

Se rastejando pelos infinitos corredores sem paredes, paro, bruscamente. Não há mais subida. A altura se elevou ao máximo. Estou num lugar plano e iluminado. Uma luz. Eu sinto. Uma presença. Sinto.

No cume da pirâmide sou erguido. Eu cresço. Me fortaleço. Minhas mãos são agarradas. Meu corpo abraçado. O calor: o fogo. Pés firmes: a terra.

No vazio do meu corpo, um nobre casulo nasce. Colorido. Único. Logo se abre. Uma borboleta voa dentro do meu ser. Bela, expressiva, viva. Em meu peito ela vive: alcançando seu vôo.