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domingo, 2 de dezembro de 2007

O FUTEBOL E AS RELAÇÕES SOCIAIS




Quarenta e oito minutos do segundo tempo. um a um. Corinthians e Santos, semi-final do campeonato paulista de 2001. O Corinthians precisava de um gol para ir para final. Eu, mais um corintiano com os olhos na TV. Não sabia se começava a chorar de decepção, ou saia da frente da TV para não ver a derrota. Meu pai me consolava:" ano que vem tem outro campeonato filho", "um dia se perde e outro ganha". Adiantava? Nunca. Até que, aos quarenta e oito do segundo tempo, Ricardinho faz um belo gol em uma bela jogada. GOOOOOOOLLLLLLL. Imagine minha emoção. Chorei, certamente. Sabemos explicar está sensação, emoção ou sei lá o quê? Muitas vezes não, mas pretendo mostrar um pouco desta profundidade se baseando nas relações sociais, na antropologia e sociologia.

É de práxis a pergunta quando conhecemos pessoas novas: que time de futebol você torce, correto?!

Pois Bem, o futebol se faz presente na vida de muitos brasileiros. Emoções, decepções, angústias, alegrias, lágrimas, entusiasmo. É um fato social interessante e influenciador nas demais relações sociais. Podemos considerar, um fenômeno social, onde nada mais é que uma expressão clara da cultura local, no caso o Brasil. E ainda, Huizinga apresenta a noção de de "jogo", analogia ao futebol, sendo que:

[…] o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da "vida cotidiana".

Fazendo um paralelo com a sociabilidade (ser sociável), permite pensar que a sociabilidade é como uma espécie de "jogo da vida social", um momento lúdico ( jogo, diversão), de prazer, distinto das coisas "sérias" da vida cotidiana, um refúgio do mundo do trabalho, da economia e da política. Esquecer o mundo literalmente.

Logo, notamos os diferentes grupos sociais se interagindo, como se todos os problemas particulares que as pessoas têm não houvem. Há uma sociabilidade entre torcedores do mesmo clube. Um fato social expressivo e importante para as ciências sociais, antropologia, sociologia, psicologia.

Helal (Sociólogo) conceitua futebol " como um ritual coletivo onde o culto a um determinado tipo de masculinidade hegemônica é reconhecível". Ainda, o futebol brasileiro é um fenômeno grandioso, esporte das massas. Para os amantes do futebol, sabemos que a forma de expressão simbólica, as significações do jogo de futebol ultrapassam sua prática efetiva – os 90 minutos - sendo um espaço de interações entre pessoas prevalentemente do sexo masculino. As discussões, discursos proferidos, as relações de controle da euforia, emoção e casos extremos, com relação as grandes brigas, principalmente de grandes massas, as torcidas organizadas.

As torcidas organizadas funciona como a ‘casa dos homens’ descrita pelo antropólogo Maurice Godelier, ou seja, é um ambiente de homens para homens que constrói a masculinidade para aqueles que estão ‘entrando’ (através dos rituais de iniciação) e ao mesmo tempo reforça a masculinidade entre os membros ‘veteranos’. Este espaço viril( masculino ) exclui todos aqueles que se insurgem contra a ‘virilidade triunfante’ e a feminilidade em geral. Assim, apreenderemos o futebol não enquanto esporte (apenas), mas como um dos pilares organizadores das relações sociais, um codificador de condutas masculinas e instaurador de pautas de conversação, traçando regras de sociabilidade e fidelidade entre homens.



Da Matta (Cientista Social) , analisa vários rituais nacionais brasileiros - entre eles o Futebol - e afirma que tais fenômenos salientam determinados aspectos da vida cotidiana, confirmam a estrutura dominante e invertem ou neutralizam hierarquias e padrões, tais como os étnicos (o futebol inverteria o racismo), de classe (neutralizaria as diferenças de origem sócio-econômica) ou de gênero (reifica a supremacia do masculino).

Gastaldo, assim conclui em seu artigo "O complô da torcida: futebol e performance masculina em bares", que:

"Assim, considero importante destacar que o universo simbólico do futebol supera largamente os fatos sociais ocorridos nos estádios, no campo e nas arquibancadas, mas que se espraia pelas páginas dos jornais todos os dias, que ocupa horas de programação e canais inteiros de rádio e televisão e – muito além dos 90 minutos do jogo – manifesta-se nas interações sociais cotidianas, na sociabilidade descomprometida que, alinhando o "outro" – qualquer outro – a um dos "lados", oferece possibilidade de interação, solidária ou jocosa, amenizando a dureza das relações "sérias", profissionais, legais ou familiares: fenômeno instigante e que demanda compreensão."

Podemos concluir que todos torcedores, sejam corintianos, palmeirenses, são-paulinos, santistas, flamenguistas, colorados, atleticanos etc, são movidos pelo amor e fascinação a este esporte que têm o poder de parar a maioria das pessoas na frente da TV. Fanatismo de nenhuma maneira é válida. Torna-se um ópio que entorpece e encobre sua capacidade de pensar em algo além do futebol.

O futebol contribui com a sociabilização dos torcedores desiguais; contribuindo com aproximação de pobres e ricos, brancos e negros, e assim, esquecendo ou até mesmo, diminuindo as desigualdades sociais.

Acredito que seja um instrumento de sociabilização e resgate de povos oprimidos. A proximidade entre estes (ex: pobre e rico) é positivo quando há dialogo através do futebol, podendo o rico aceitar este pobre com suas diferenças, e ainda, acordar para a realidade brasileira. É um caminho, uma idéia.



Voltando ao início deste escrito: sabemos explicar está sensação, emoção ou sei lá o quê ? Freud explica, mas o sentimento e estado psicológico que ficamos é incrível, mesmo positivo quanto negativo o resultado.



O futebol faz parte da cultura brasileira, sendo uma paixão nacional adorada por grande parte da população brasileira. Não irei tratar das corrupções que há em clubes, a pessoa jurídica que gera milhões e milhões. Mas sim, ter em mente a influência que o futebol gera na vida de muitas pessoas, quando não há fanatismo.

O futebol interfere nas relações sociais, fazendo que torcedores sigam e sejam fieis a seu clube, com se fosse uma religião. Assunto extenso, polêmico e vasto para pesquisar.



Referências:

Marcel Freitas. Do amor grego à paixão nacional: masculinidade homoeroticidade no futebol brasileiro.
http://www.efdeportes.com/efd55/paixao1.htmhttp://www.efdeportes.com/efd55/paixao1.htm

Édison Gastaldo. O complô da torcida: futebol e performance masculina em bares.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-71832005000200006&script=sci_arttext

sábado, 1 de dezembro de 2007

FILOSOFANDO...




Nascemos, vivemos, gozamos tudo que está a nosso alcance. Discutimos, brigamos, xingamos, nos stressamos; falamos sobre "coisas", pessoas, teorias, homens, mulheres, crianças, produtos; consumimos, desperdiçamos, jogamos oportunidades no ralo; magoamos pessoas queridas, pessoas distantes; perdemos e ganhamos. Alguns querem mudar o mundo: acabar com a fome, diminuir as desigualdades sociais, o preconceito, lutar pelos direitos das minorias, dos povos excluídos e explorados, se doar para uma causa. Outros desejam realizar sonhos particulares: viver para o amor de sua vida, casar, ter filhos, ganhar dinheiro e aproveitar a vida, montar seu próprio negócio, comprar um super carro, ou ainda, escrever livros, ser reconhecido mundialmente, viver da escrita, viajar pelo mundo, trabalhar, sonhar e sonhar.

Não estamos distantes destas idéias. O ser humano busca a felicidade da maneira que achar correto, na sua mente. Muitos não se importam com a ética, os valores construídos, a tradição, no próximo: meu desejo é uma ordem! E pronto: o individual se sobrepõe no coletivo. Até que ponto certas atitudes estão corretas?

O mistério da vida nos ronda. Uns crêem em deus, outros simplesmente ignoram sua 'presença'. Acredito que muitos são curiosos sobre este mistério, outros não. Ora,que diferença isso faz?

Qual o rumo da humanidade? O que as pessoas fazem agora? O que pensam? Qual suas idéias sobre a vida, o mundo, o universo? Ocorrerá mudanças brevemente? Quais os próximos pensadores? Novas teorias sociais, econômicas, políticas? Ou tudo continuará com está?



Sócrates disse que: "só sei que nada sei". Um verdadeiro saber. Mas em contrapartida, e sob ângulo oposto, digo: só sei que deve haver mudanças. Um novo pensar; novas teorias, novas mentes pensantes, novos humanos disposto a lutar por seus ideais. Nada de idéias guardadas dentro das gavetas. Ação, determinação, ativismo, luta, sangue, suor.

Qual caminho seguir: a luta pelo coletivo ou individual? Eis uma questão aos homens modernos refletirem. Uma revolução a caminho...



"Prefiro morrer em pé a viver ajoelhado" Ernesto 'Che' Chevara de la Serna

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

TENHO UM LIMITE: SOU CELÍACO






Curitiba, 27 de Novembro de 2007.


Desde o ano de 2004, eu sentia fortes dores no estômago, queimação, mal estar, quase tudo que comia me fazia mal. “Só pode ser gastrite”, pensava.

No começo deste mês, numa segunda-feira, foi o fim da picada: tomei café puro e detonou meu estômago. Queimação, mal estar, vômitos e gases, simplesmente horrível.

Fui ao médico do SUS e me receitou dois remédios, e ainda, disse para cortar: refrigerantes (Coca-cola em especial), café, sucos ácidos, sucos de pacotinho (Tang, por exemplo), frituras e bebidas alcoólicas. Fiz a dieta corretamente até, mas nada adiantou. Além dos remédios ele disse para eu fazer uma endoscopia.

Sabemos que o sistema público de saúde é precário. Foi então que, com ajuda da minha família, marcaram exames e consultas para mim em Curitiba – PR, para ver o que havia comigo.

Logo após fazer a endoscopia, no dia 27/11/2007, em Curitiba, fiquei sabendo, através da minha tia – pois eu estava sedado – que eu não tinha nenhum problema de gastrite ou úlcera, mas sim portador da doença celíaca.

Para ser sincero, na hora não acreditei. Mas logo percebi que o caso era sério.

Minha mãe é celíaca, minha tia é celíaca, ou seja, é hereditário.

Afinal, o que é está doença celíaca?

A doença celíaca é uma patologia autoimune que afeta o intestino delgado de adultos e crianças geneticamente predispostos, precipitada pela ingestão de alimentos que contêm glúten. A doença causa atrofia das vilosidades da mucosa do intestino delgado, causando prejuízo na absorção dos nutrientes, vitaminas, sais minerais e água.

O glúten é uma proteína presente no trigo, na aveia, na cevada (no subproduto da cevada, que é o malte) e no centeio(T.A.C.C.) e em todos os alimentos e produtos preparados com esses cereais.




Glúten não desaparece quando os alimentos são assados ou cozidos.

A fração tóxica do Glúten encontrada no trigo é chamada de Gliadina.

O Glúten agride e danifica as vilosidades do intestino delgado prejudicandoa absorção dos nutrientes dos alimentos.
Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa.

Em nosso meio, o quadro clínico mais comum é caracterizado por diarréia crônica acompanhada de barriga inchada e perda de peso, além de vômitos, anemia, atraso no crescimento, irritabilidade e apatia.

O único tratamento consiste na dieta isenta de glúten por toda a vida.

Não posso comer nada que contenha trigo, aveia, centeio, cevada ou malte. Por exemplo: bolachas, biscoitos, bolos, empanados com farinha de trigo, farinha de pão ou de rosca, pães, massas, cerveja, uísque e uma infinidade de produtos industrializados que contêm glúten em suas fórmulas




A lei 10.674/03, em seu artigo 1º diz:

“Art. 1º Todos os alimentos industrializados deverão conter em seu rótulo e bula, obrigatoriamente, as inscrições "Contém Glúten" ou "Não Contém Glúten", conforme o caso.”

Qualquer produto industrializado, atrás do rotulo diz se há ou não glúten naquele produto, devido a está doença pouca conhecida.

Tenho meus limites: uso óculos e meu organismo não tolera glúten. Não posso mais comer pão, tomar uma cerveja, comer um laka, uma pastel da feira, uma coxinha, um lanche etc; exceto quando feito de produtos especiais que substituam o glúten, por exemplo: farinha de arroz ( difícil achar em cidades pequenas ) creme de batata, creme de arroz e outros, mas não é tão simples sua produção. Normalmente é feito em casa, e com muito cuidado para não ser contaminado pelo glúten.



Muitas pessoas, certamente sejam portadoras da doença celíaca e não sabem, por ser pouca conhecida.

A divulgação de tal doença é necessária, pois se eu, por exemplo, não soubesse que fosse celíaco, daqui 15 anos eu estaria mal, muito mal; estaria morrendo aos poucos.
Acredito que este post seja de utilidade para as poucas pessoas que lêem este blog, pois a divulgação se faz necessária, ou muitas pessoas podem morrer sem saber o porque.




Enfim, certas coisas tenho que aceitar sem contestar. Tenho este limite para o resto da minha vida.



Fonte:

Produtos sem Glúten - http://www.semgluten.com.br/html/celiaca.htm

ABC da Saúde - http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?148

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Filosofia da Libertação de Enrique Dussel




Muitos de nós conhecemos ou pelo menos ouvimos falar de filósofos renomados, que influenciaram certa tempo, época, idade da humanidade.

O filosofo e a filosofia onde pretendo fazer algumas explanações ou até mesmo apresentar como novidade, é a Filosofia da Libertação de Enrique Dussel.


Dussel, filosofo argentino que teorizou está Filosofia da Libertação própria para a América Latina. Argumenta que, a filosofia clássica, ou seja, filosofia preponderante, a saber, sobretudo Kant, Hegel e Heidegger, bem como seus críticos, dentre os quais Feuerbach, Marx, Kierkegaard, não podem servir de base a um pensamento que se pretenda da libertação latino-americana.

Pois então, o que seria está Filosofia da Libertação?

filosofia da libertação trata-se de uma filosofia em particular, específica, e não aquela filosofia clássica que fora tradicionalmente européia na maior parte de sua história e, hoje, é também norte-americana.

A América Latina, devido a forte exploração capitalista que sofre desde épocas remotas das colonizações que ocorreram a partir do século XV, arcar com as conseqüências dolorosas de desigualdades sociais, fome, pobreza e miséria.

Quando os colonizadores “descobriram” as Américas, não respeitaram os nativos como seres humanos; não respeitam sua alteridade, seus costumes, a cultura, hábitos, seu modo de viver.

A Filosofia da Libertação, parte da oposição do oprimido, do excluído, da cultura massacrada e explorada, trata de mostrar a possibilidade do diálogo a partir da afirmação da alteridade ( diferença ) e ao mesmo tempo, da negatividade, a partir de sua impossibilidade empírica concreta, pelo menos como ponto de partida de que o dominado possa intervir efetivamente não numa argumentação ou numa conversação, mas num diálogo.

É necessário re-pensar a filosofia que não nos pertence, hábitos e costumes fora de nossa realidade. Devemos partir da realidade opressiva do continente latino-americano.




“ O oprimido, o torturado, o que vê ser destruída sua carne sofredora, todos eles simplesmente gritam, clamando por justiça:
– Tenho fome! Não me mates! Tem compaixão de mim! – é o que exclamam esses infelizes.
[...] Estamos na presença do escravo que nasceu escravo e que nem sabe que é uma pessoa. Ele simplesmente grita. O grito – enquanto ruído, rugido, clamor, protopalavra ainda não articulada, interpretada de acordo com o seu sentido apenas por quem “tem ouvidos para ouvir” – indica simplesmente que alguém está sofrendo e que do íntimo de sua dor nos lança um grito, um pranto, uma súplica.” Dussel (1995, p. 19)

terça-feira, 21 de agosto de 2007

SEMANA NACIONAL DO EXCEPCIONAL – 2007

“Participação e Autogestão: em busca da igualdade de oportunidades”.






Do dia 21 a 28 de agosto, é comemorado a Semana Nacional do Excepcional, ou seja, é um movimento apaeano onde busca a conscientização e o exercício pleno dos direitos das pessoas com deficiência. Sabe-se que a inserção de pessoas especiais na sociedade brasileira ainda há diversos obstáculos.

O preconceito é notório em grande parcela da população, quando percebe sua negação ou coisificação do ser humano com alguma deficiência. Um tabu em pleno o século XXI, que aceitar o “Outro”, o “Diferente” é ainda preciso quebrar correntes que possibilite a aproximação destes e o conheçam a sua essência, a sua forma de viver.

Dia da Consciência Negra, o grito dos negros. A Parada Gay, o grito dos homossexuais. O Dia do Índio, o grito dos Índios.As rebeliões, o grito dos prisioneiros. E por fim, a Semana Nacional do Excepcional, o grito das pessoas Especiais. EU EXISTO!!!


Breve Histórico – Matéria da Apae Brasil




A Organização dos Estados Americanos – OEA declarou a “Década das Américas: pelos Direitos e pela Dignidade das Pessoas com Deficiência, durante o período 2006-2016”, elegendo como lema: IGUALDADE, DIGNIDADE E PARTICIPAÇÃO. Tal declaração visa alcançar o reconhecimento e o pleno exercício dos direitos e da dignidade das pessoas com deficiência, e seu direito de participar plenamente da vida econômica, social, cultural, política e no desenvolvimento de suas sociedades, sem discriminação e em situação de igualdade com os demais cidadãos.

Diante disso a Federação Nacional das Apaes entende como sendo fundamental a adoção deste mesmo lema para os próximos dez anos – Igualdade, Dignidade e Participação – e a eleição de um tema anual em consonância com essa declaração.

Em 2007, a Federação Nacional das Apaes elegeu o tema: “Participação e Autogestão: em busca da igualdade de oportunidades” que, além de estar consoante com o nosso Planejamento Estratégico e pensada no contexto da Década das Américas, contribuirá para reforçar a idéia de que o exercício dos direitos das pessoas com deficiência passa, necessariamente, pela ampliação dos espaços e das possibilidades da própria pessoa falar por si e defender suas opiniões.

Tradicionalmente, temos escolhido um tema anual para a Semana Nacional do Excepcional, no intuito de mobilizar a rede apaeana, sensibilizar e conscientizar a sociedade em geral e ao Governo nas suas diferentes esferas, sobre os direitos fundamentais da cidadania plena das pessoas com deficiência.

O tema proposto deverá, por sua vez, tanto orientar as ações de mobilização da rede apaeana durante a Semana Nacional do Excepcional em sua edição 2007 quanto servir de eixo gerador de reflexões e debates a serem realizados no decorrer do ano.

Apae de Itararé está realizando, nos dia 20, 21 e 22 feira de artes visuais e exposição de artesanato na entidade. A partir do dia 23, as artes visuais e artesanatos estarão na Praça São Pedro, até dia 28 de agosto. Compareça e confira os trabalhos realizados pela entidade.


"Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito." Albert Einstein

terça-feira, 7 de agosto de 2007

ITARARÉ




“...Itararé da campinas e mil recantos amados, das verdejantes colinas e dos vales ondulados...”


Itararé: Pedra que o rio cavou, pedra escavada, curso subterrâneo das águas dum rio através de rochas calcárias. Itararé da batalha que não houve. Itararé do ramal da fome. Itararé da barreira, do corisco, dos tropeiros. Itararé da estrada de ferro da Sorocabana. Itararé do Barão de Itararé. Itararé do rio Itararé. Itararé, Itararé...

Cidade do interior paulista com divisa com o Paraná. Cidade pacata, dos aposentados jogando truco na praça São Pedro, dos católicos indo à igreja da matriz todos os domingos, das famílias passeando de carro pelas ruas de paralelepípedo. Cidade das figuras históricas e bêbados perdidos pelas ruas. Cidade tradicional e conservadora.

Quermesse, festa do peão, festa do milho verde, festa da mandioca, primeirão, associação, esquinas e quebradas: os point’s principais que viram campo de batalha às vezes, o velho faroeste.

Cinqüenta mil Itarareenses, muitos com sua cova já cavada. O recanto da inércia e do amém. Do sossego inabalável e andorinhas voando as 18:00 horas.

Na madrugada, cidade fantasma. Bares, lanchonetes, comércio, tudo fechado. Ordens do ditador supremo.

Viva as empresas que fornecem empregos. Viva aquele que subiu na vida. Os chefões que zelam por nós. O monopólio enraizado. São considerados heróis.

De trinta a quarenta minutos de caminhada atravessamos o centro urbano de Itararé. Cerrado, Pedra Branca, Santa Cruz, bairros rurais onde famílias vivem longe da “cidade”. Rua São Pedro é cidade, vila Santa Terezinha, vila Osório , Alvorada, Beca é vila ou bairro, não cidade. “Vou descer na cidade! Vou subir na cidade”.

Itararé é como três montanhas pequenas, as “verdejantes colinas”. A colina do meio é onde passa a rua São Pedro, o centro. A outra, do lado sul, fica a vila Santa Terezinha e outros bairros. A colina do norte, um pedaço fica classe alta, onde tem as mansões, e outros pedaços ficam bairro do Cruzeiro, Osório, os principais bairros.

Costumes e gírias: dez reais é deizão. Cinqüenta reais é cinquentão. “Ôô fraco”. “ Vixi Maria”. “Pôbrema”.Parar para olhar o céu quando passa avião ou helicóptero, não é sempre. A noticia boca boca: o maior meio de comunicação, rápido e ágil.

Assim é Itararé, a pedra que o rio cavou e continua cavando, mais e mais. Não sei onde podemos chegar, um futuro nebuloso e incerto.